sexta-feira, 4 de outubro de 2013

As palavras dela...

Ela escreveu, uma história de sua vida, mas se eu a copiar estarei descrevendo uma minha. 
Suas palavras certeiras tocam todo meu ser,despertam-me... 
 É incrivelmente gostoso poder compartilhar ...

"E basta fechar os olhos para que a visão turva e negra, tornar-se memória viva, com traços e marcas da experiência vivida desenhada com perfeição bastante para sentir o cheiro do seu respirar, do seu sorrir, do seu piscar, cada palavra sua ecoa de forma perfeita e chega direto em meu coração, fechar os olhos e sentir entre meus dedos o toque suave de cada fio macio do seu cabelo bem cortado, notar a presença dos seus dedos e sentir o arrepio que vem de algum lugar que não conheço, de bem dentro de mim, fazendo meu coração disparar, minha pele arrepiar, minha pupila dilatar e fazer com que eu me dê conta que estou viva, que é na verdade você a chama que me mantém acesa. E mesmo não sendo sua, você me tem sempre que me vem e cada chegada sua já é dolorida, por que sei que terá que ir, que na verdade não chegou e sem saber se volta algum dia. Cada vez que te encontro é como se fosse uma despedida e, como se todo o resto do mundo apertasse o "pause" e só eu sentisse o sopro do vento que bate no meu rosto, levantar os pés para te abraçar me faz querer te colocar dentro do meu mundo, te mostrar que você vive aqui comigo em cada minuto do meu longo dia.
   Recordações que me fazem lembrar que eu não vivo sem você, eu apenas sobrevivo. Estar sem você é o contar exato de cada tic tac do relógio, é o vazio das 3 horas da manhã, é a melancolia do final do domingo, é o dia triste em sábado de sol, é o dirigir sem destino, é o escutar sem ouvir e é o viver sem sentir.
   Levou tudo de mim no momento que partiu, mesmo que nunca tenha chegado de verdade, mesmo não sabendo a minha cor preferida, o meu melhor livro, não conhecer o meu verdadeiro rosto ao acordar e não saber o brilho dos meus olhos quando falo de amor.
   Levou tudo, como leva aqueles furacões com nomes de mulheres, sem perspectiva de reconstrução, sem data para voltar a crescer uma árvore. O terreno ficou com dunas onde nada cresce e nada floresce. Você causou perda total, destruiu o que estava sendo construído antes de acabar a obra, deixou cacos espalhados pelo caminho, fazendo com que cada tropeço me lembre ainda mais de nada que virou meu tudo. No meu rosto eu vejo todas as manhãs as cicatrizes que a sua falta me deixou e tudo que venho fazendo é no controle automático, sorrir, falar, andar e viver.
   Venho correndo de músicas, de lugares, de caminhos que me trazem você de branco com as mangas dobradas e de barba bem feita, correndo da sensação de sentir seu cheiro no meio do dia, da vontade de sentar no meio da rua e gritar  para ver se alguém nota que tudo está em migalhas, que tudo está parado no meio do caminho, que aquela minha cor já não colore e que meu céu mudou no dia em que você levou o azul da minha vida."

Por aluap